segunda-feira, 15 de junho de 2009

O Louco, Gibran Khalil Gibran


Perguntais-me como eu me tornei louco. Aconteceu assim:



















Um dia, muito tempo antes dos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu tinha confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”


Homens e mulheres riram-se de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez a minha face nua. Pela primeira vez, o sol beijava a minha face nua, e a minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais as minhas máscaras. E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram as minhas máscaras!”


Assim eu tornei-me louco. E encontrei tanto a liberdade como a segurança na minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.

2 comentários:

silvioafonso disse...

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Quando você é descoberto na mentira você fica livre de prometer a verdade. Livra-se de ser referência, perde-se entre todos e vive comum, como todos vivem entre tantos.

Alguns são fortes ou fracos como o vento, dependendo da meneira como o sinta no seu corpo. Eu, em particular, sou como a pedra. Posso contruir o seu castelo, mas posso morar no seu sapato.

silvioafonso.




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Astronauta disse...

bem legal seu blog. da uma olhada no meu depois. bjoz http://soltonoespaco.blogspot.com/